IA no Ar: Locutora Virtual comanda rádio australiana sem que ouvintes soubessem

O avanço da inteligência artificial no rádio não é novidade, mas um caso recente na Austrália reacendeu o debate sobre transparência e automação na radiodifusão. Uma emissora local manteve por seis meses uma locutora virtual no ar — sem informar ao público que a voz era, na verdade, gerada por computador.

Redação com Tudo Rádio

A protagonista dessa história é a CADA 96.1 FM, rádio localizada em Katoomba, na região oeste de Sydney. A emissora, que pertence à Australian Radio Network (ARN), vem utilizando desde o final de 2024 uma apresentadora chamada “Thy” — uma voz artificial que conduz a programação das 11h às 15h durante os dias úteis.

O uso da IA foi mantido em sigilo até recentemente, quando o portal especializado Radio + Television Business Report (RBR+TVBR) trouxe o assunto à tona. No site da CADA, o programa “Workdays With Thy” é apresentado com uma imagem da suposta locutora, acompanhada de frases como: “Todos os dias da semana, das 11h às 15h, enquanto você trabalha, dirige, se desloca no transporte público ou está na faculdade, Thy tocará as faixas mais quentes do mundo.”

O que os ouvintes não sabiam é que não havia ninguém em um estúdio. A programação era gerada por uma voz sintética projetada para simular um comunicador real — uma IA que interage com o público de forma fluida, sem dar pistas de sua origem artificial.

A CADA FM tem como foco o público jovem e conectado, com programação voltada ao hip-hop e à cultura urbana. Esse perfil pode ter facilitado a aceitação implícita da novidade, ainda que sem transparência. O episódio levanta questões éticas importantes: até que ponto é aceitável usar vozes artificiais sem comunicar isso aos ouvintes? E como ficam os profissionais humanos diante da automação crescente?

Conclusão:
O caso da locutora virtual da CADA FM é mais um exemplo do quanto a inteligência artificial está transformando o mercado de rádio — tanto em termos tecnológicos quanto sociais. O uso de IA no ar pode ser uma tendência irreversível, mas o debate sobre ética, transparência e impacto nas carreiras humanas está apenas começando.